segunda-feira, 31 de março de 2008

Espaço vazio



Eu trepei com você

E você nem sabe disso

Eu brincando na cama de madrugada

Eu e suas fotos

Eu e suas cartas

Eu e objetos seus

O seu perfume de suor

O seu CD de sussurros inaudíveis

Que você esqueceu comigo

Eu e a marca de cigarro que você fuma

Eu e você

Eu e o espaço vazio

O espaço marcado com dentes no pescoço

Eu e você

Pouca dignidade




Ele combina comigo

Porque eu quero que seja assim

Mandei-lhe meus sentimentos

Abreviados

Para não gastar esses últimos

Minha desgastada estratégia

De prender você nos meus braços

Meus pobres recursos

E tirar de você suas escolhas pessoais

Pois as minhas já bastam para nós

Depois de tudo lhe deixo

As lembranças de poucos meses

E nenhum amor

Muito menos o próprio

Mas se caso ame outra

Mais bonita e mais jovem

Conhecerá enfim a minha paixão

A única que tenho

despeito.

domingo, 30 de março de 2008

Mulher como sei ser


Se você quer uma mulher dócil

Pode esquecer meu bem

Não vem que não tem

Eu sei como é

Você chega cheio de carinho

Os homens têm esse jeitinho

Agradando como podem

E quando vemos explodem

Querem nós domar

Meu bem, o mar não se pode domar

Não se conquista Iemanjá

Eu não quero ser só quem te afaga

Deixando a sua mão levantar a saia

E tudo mais que se levante

Pois sou mulher

Que coisa engraçada

Não fui feita pra ser fecundada

Pelo divino espírito santo

Por isso às vezes me espanto

Com essa visão deturpada

Eu sou mulher que não faz esse jogo

Eu só mais que uma presença

Mais que adorno

Sou mulher e pronto!

Inverso processo


Acendi o cigarro e olhei nos olhos dela

Era o processo inverso

O cigarro repousou na pia

Ela repousou nas paredes

Em cada uma delas

Ela em cada azulejo empoeirado

Apoiava todo seu ego em mim

Eventualmente sua raiva e frustração

Fumar já não fazia mais sentido

Apagara-se

O filtro queimado marcava o momento do orgasmo

Ao menos do meu

Eu a vejo fechando o zíper

Simplesmente não deixo que continue

Thaise voltou a escrever



Um dia solitário

Suado

Eu bebo a água suja do sistema

Não me envergonha a atitude

Para quem se despiu qualquer bravata

Ou mesmo pra quem só se despiu

Pouco importa

Eu me visto de Microsoft

Apago a luz

Fecho a janela

Perco a cabeça

E a roupa íntima

Aí eu chamo isso de poema

É assim que funciona