sexta-feira, 4 de abril de 2008

Sinestesia do inverno



Olho pra cima pra não ter que olhar pros lados

Olho pros lados quando o céu está nublado

Escuto as coisas ou as seguro com a boca

Com se pudesse fazê-lo

Mordo os sons, ouço os aromas

Abraço a água quando tenho sede

Quando a flor é salgada

Aquela que foi presente

O macio sabor da lágrima

Afaga a boca da gente

Quando estou sozinha

E isso é freqüente

Eu entro neste mundo sensorial

Saboreio confusa este lugar

Ele fará o mesmo

Naturalmente parece simples

Mas é natural apenas

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